Travando embate com Bolsonaro, Caiado trata Goiânia como 'eleição própria' e aposta em igreja e eleitor petista

Travando embate com Bolsonaro, Caiado trata Goiânia como 'eleição própria' e aposta em igreja e eleitor petista

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), está tratando a eleição para a prefeitura de Goiânia como uma extensão direta de sua própria trajetória política. Ao apoiar Sandro Mabel (União) contra o candidato bolsonarista Fred Rodrigues (PL), Caiado transformou a disputa em uma verdadeira “questão de honra”. O objetivo do governador é claro: derrotar o grupo político de Jair Bolsonaro e mostrar que a direita está dividida na capital goiana.

Desde que Mabel passou no segundo turno das eleições atrás de Rodrigues, o governador intensificou seu envolvimento na campanha. Para seus aliados, o resultado dessa eleição será decisivo para a manutenção de sua relevância política em nível estadual e nacional, especialmente com as eleições de 2026 no horizonte. Uma vitória de Mabel fortaleceria o status de Caiado como um “cabo eleitoral” influente, capaz de unir diferentes setores da sociedade goiana e, ao mesmo tempo, enfraquecer a base de apoio de Bolsonaro.

Em uma estratégia política ousada, Caiado tem apostado não apenas na direita tradicional, mas também buscou apoio de eleições petistas e de lideranças religiosas. Recentemente, o governador levou Mabel a uma reunião com o arcebispo de Goiânia, Dom João Justino, numa tentativa de garantir o apoio da Igreja Católica. Além disso, sem mencionar diretamente uma aliança com o PT, Caiado tem ressaltado a importância da união de forças contra o bolsonarismo, classificando Fred Rodrigues como um candidato inexperiente.

Esse debate entre Caiado e Bolsonaro tem raízes antigas, remontando à pandemia de Covid-19, quando o governador rompeu com o ex-presidente devido às medidas de contenção do vírus. Durante um recente comício, Bolsonaro voltou a criticar Caiado, acusando-o de ser um “governador covarde” por suas ações durante a pandemia. Para Caiado, a derrota do candidato de Bolsonaro em Goiânia seria uma forma de reafirmar seu poder político, tanto em Goiás quanto no cenário nacional.

A disputa municipal, portanto, não é apenas sobre quem vai governar Goiânia, mas também sobre o futuro da direita goiana e a capacidade de Caiado de se manter relevante frente a um cenário político cada vez mais fragmentado.