Movimentos populares convocam ato por justiça climática em Belém no próximo domingo

Movimentos populares convocam ato por justiça climática em Belém no próximo domingo

A crescente crise climática e a inação do poder público levaram mais de 50 movimentos populares a convocar um ato em Belém, capital do Pará, no próximo domingo, dia 29, em busca de justiça climática. A manifestação terá início às 9h, com concentração na Escadinha do Porto do Cais, seguida de uma caminhada até a Praça da República.

Em 2023, a Amazônia enfrentou uma seca devastadora, e ativistas e pesquisadores alertaram sobre as consequências da emergência climática. Com o agravamento da situação em agosto de 2024, a estiagem chegou mais cedo, afetando severamente populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas, que enfrentam isolamento em seus territórios, sem acesso a água potável, alimentos e combustível. Os movimentos populares destacam que essa seca histórica, a maior em 70 anos, está gerando impactos não apenas na Amazônia, mas também em outros biomas como o Cerrado e o Pantanal, que lutam contra o desmatamento, a grilagem de terras e a expansão de monoculturas.

Segundo Paulo Nobre, diretor da Rede Crias do Umari e estudante de Engenharia Ambiental, os principais objetivos do ato são pressionar o governo do estado. “O governador precisa entender que os ativistas ambientais têm um compromisso com a pauta do meio ambiente para além da COP 30, pensando no futuro das nossas vidas. Queremos fazer esse barulho, mas também nos sentar com mais calma com a Secretaria de Meio Ambiente e, quem sabe, com o Ministério do Meio Ambiente para debater a emergência climática no Pará”, declarou em comunicado à imprensa.

Dados do observatório europeu Copernicus revelam que o Brasil é um dos maiores emissores de CO2. De janeiro a setembro de 2024, a Amazônia registrou mais de 82 mil focos de calor. A emergência climática no Brasil desperta preocupações internacionais. João Santiago, professor de Ciências Sociais e coordenador do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal do Estado do Pará (SINTSEP-PA), enfatiza: “O agronegócio, em nome do lucro, desmata e destrói. Precisamos cobrar do Governo, especialmente sobre o Plano Safra: nenhum centavo a mais para o agronegócio que queima nossas matas e florestas!”

Paulo Nobre, morador da região metropolitana em Marituba, ressalta a urgência do poder público em “pensar num futuro verde, sem ter que concretar toda a cidade e derrubar nossas árvores”. O movimento, que é auto-organizado por mais de 30 organizações, visa promover uma ação coletiva por justiça climática, refletindo sobre os recentes acontecimentos no país.

Andreza Soeiro, ativista do Coletivo Muiraquitã e bioeducadora, destaca a importância da auto-organização: “Decidimos nos reunir e agir coletivamente, não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo”. A rede, chamada “Greve Pelo Clima em Belém”, planeja continuar realizando ações de educação climática e manifestações em defesa da Amazônia após o ato.

Para encerrar a manifestação, os ativistas convidarão grupos de carimbó para se apresentarem na Praça da República, celebrando a cultura local e reforçando a luta por justiça climática.