"Momento Sputnik": DeepSeek, rival chinês do ChatGPT, desafia big techs e levanta questões sobre domínio da IA

O DeepSeek, chatbot chinês rival do ChatGPT, causou uma revolução no mercado de tecnologia, ultrapassando o modelo da OpenAI em downloads nos EUA e provocando uma queda de US$ 1 trilhão no valor de mercado das gigantes do setor. Seu desenvolvimento de baixo custo levanta questionamentos sobre os altos investimentos das empresas ocidentais e a eficácia das restrições americanas à tecnologia chinesa.

Apelidado de "Momento Sputnik", em alusão ao satélite soviético que marcou a corrida espacial na Guerra Fria, o lançamento do chatbot chinês DeepSeek abalou o mercado de tecnologia e trouxe questionamentos sobre a hegemonia ocidental na inteligência artificial (IA). A nova versão do robô foi apresentada ao público no dia 20 de janeiro, mesma data da posse de Donald Trump, e, em apenas uma semana, superou o ChatGPT da OpenAI em downloads na loja de aplicativos da Apple nos Estados Unidos.

O impacto foi imediato: grandes empresas de tecnologia dos EUA perderam juntas cerca de US$ 1 trilhão na bolsa de Nova York. O motivo? O DeepSeek conseguiu resultados impressionantes com investimentos significativamente menores. De acordo com pesquisadores da startup chinesa, o treinamento do chatbot custou apenas US$ 6 milhões, enquanto as big techs americanas gastam bilhões de dólares em seus modelos.

Gigantes como Meta e OpenAI utilizam supercomputadores que operam com cerca de 16 mil chips avançados para treinar suas IAs. Por outro lado, o DeepSeek foi desenvolvido com apenas 2 mil chips, uma economia drástica que chamou a atenção de investidores. Segundo especialistas, essa eficiência chinesa é um reflexo das sanções impostas pelos EUA em 2022, que restringiram a exportação de chips de ponta para a China.

A corrida pela supremacia da IA

As limitações de exportação foram implementadas durante o governo Biden, sob o argumento de proteger a liderança tecnológica americana. Empresas como Nvidia e AMD, líderes globais na produção de chips para IA, foram proibidas de vender seus produtos mais avançados para o mercado chinês. À época, analistas afirmaram que isso colocaria a China anos atrás no setor de inteligência artificial.

Porém, o surgimento do DeepSeek levantou dúvidas sobre a eficácia dessas medidas. A capacidade da startup chinesa de desenvolver um modelo competitivo com recursos limitados sugere que as restrições podem não ter o impacto desejado.

Enquanto isso, nos EUA, a inteligência artificial tem ganhado destaque no início do governo Trump. Em uma medida de grande impacto, o presidente revogou padrões de segurança implementados por Biden e anunciou um ambicioso projeto de infraestrutura para IA chamado Stargate. O plano prevê um investimento privado de até US$ 500 bilhões, o maior da história para o setor, e será realizado no Texas.

Reação das big techs

A Meta, que recentemente integrou sua IA a aplicativos como o WhatsApp, revelou que aumentará seus investimentos no setor para US$ 65 bilhões em 2025, 50% acima dos valores de 2024. Apesar do esforço, investidores estão céticos quanto à sustentabilidade dos altos custos das big techs, especialmente diante do avanço de alternativas de baixo custo como o DeepSeek.

A questão central é se os gigantes da tecnologia conseguirão manter sua posição de liderança em meio a uma competição mais acirrada e eficiente. Como o "Sputnik" dos anos 1950, o DeepSeek pode representar um ponto de virada na corrida pela supremacia da inteligência artificial.