Garimpo ilegal avança em Goiás e já resultou na prisão de mais de 130 pessoas em 2025
Uma megaoperação policial revelou a crescente presença do garimpo ilegal em Goiás, especialmente no município de Cristalina, onde foram presas 75 pessoas e apreendido um adolescente. Somente em 2025, o estado já registrou mais de 130 detenções, número mais de 700% superior ao de 2024. A extração ilegal de cristais e ouro tem causado impactos ambientais graves, e o combate à prática enfrenta obstáculos logísticos e operacionais.

A extração ilegal de minérios, até então pouco associada ao estado de Goiás, está crescendo de forma preocupante. O caso mais recente ocorreu no município de Cristalina, onde uma ação conjunta entre o Batalhão Ambiental, Batalhão Rural e Polícia Civil prendeu 59 homens, 15 mulheres e um adolescente em uma área de garimpo clandestina. Foram apreendidos 678 kg de cristal bruto e 35 veículos em uma propriedade privada invadida.
Essa operação escancara um problema que vem ganhando força em Goiás. Nos últimos quatro meses, a Polícia Militar, por meio do Batalhão Ambiental, desmantelou nove pontos de garimpo ilegal em cidades como Santa Cruz de Goiás, Goianésia, Diorama e Cristalina — esta última representando 55% das ocorrências registradas em 2025.
Cristalina, conhecida mundialmente pela reserva de cristais lemurianos, já havia sido alvo de operação em 13 de abril, quando 50 pessoas foram conduzidas à delegacia por extração ilegal de pedras preciosas. O total de mais de 130 prisões por garimpo ilegal em 2025 representa um crescimento de 712,5% em relação a 2024, que somou apenas 16 casos.
Segundo o tenente Darildo José Leite, do Batalhão Ambiental, muitos dos garimpeiros ilegais vêm de outros Estados, como Pará, Maranhão, Minas Gerais e Tocantins, mas também há forte presença de goianos nas operações. Ele explica que a descoberta de novas áreas com potencial mineral, aliada à dinâmica do mercado e da fiscalização, influencia diretamente a proliferação desses garimpos.
Entre os locais mais afetados estão cidades como Cavalcante, Alto Paraíso de Goiás, São Domingos, Crixás, Santa Terezinha de Goiás e Itapirapuã, além de rios importantes, como o Tocantins e o São Bartolomeu. A extração irregular de ouro, cristais e até diamantes tem resultado em desmatamento, contaminação por mercúrio e perda de biodiversidade, conforme alertam os especialistas.
A logística do combate ao crime também é um desafio. Os garimpeiros se instalam em locais de difícil acesso, exigindo deslocamento por vias aquáticas ou trilhas, com apoio aéreo. Mesmo com tecnologia e inteligência, os agentes enfrentam obstáculos na remoção de presos, apreensões e destruição de equipamentos, como balsas improvisadas — 11 embarcações foram encontradas apenas em 2024.
Além disso, os garimpos ilegais muitas vezes possuem estruturas organizadas, com vigilância, rotas de fuga e sistemas de comunicação, dificultando ainda mais a ação policial. Em alguns casos, há até resistência violenta à fiscalização.
Os materiais e suspeitos detidos geralmente são encaminhados à Polícia Federal, já que se trata de crime federal. No entanto, os trâmites burocráticos e a legislação ambiental complexa ainda representam entraves à responsabilização dos envolvidos.
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