fatores internos foram os principais culpados pela alta dos alimentos no Brasil!

Um estudo do Centro de Liderança Pública (CLP) apontou que a alta dos alimentos no Brasil foi impulsionada principalmente por fatores internos, como a valorização do dólar, incertezas fiscais e mudanças climáticas. A inflação dos alimentos chegou a 7,7% em 2024, com os preços aumentando mais em reais do que em dólares. O estudo recomenda transferências de renda aos mais vulneráveis, mas destaca que isso deve ser feito com responsabilidade fiscal para evitar impactos negativos na economia.

fatores internos foram os principais culpados pela alta dos alimentos no Brasil!

Estudo aponta fatores internos como principais responsáveis pela alta dos alimentos no Brasil

Um estudo do Centro de Liderança Pública (CLP) revelou que fatores internos foram determinantes para o aumento dos preços dos alimentos no Brasil em 2024. A pesquisa apontou que a desvalorização do real frente ao dólar, incertezas fiscais e eventos climáticos adversos impactaram significativamente a inflação dos alimentos, tornando-os 7,7% mais caros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A oscilação do dólar foi um dos principais elementos responsáveis pela alta dos preços, sendo influenciada pela ascensão do então candidato Donald Trump no cenário eleitoral dos Estados Unidos e pelo aumento das preocupações com as contas públicas brasileiras. Além disso, eventos climáticos extremos, como chuvas intensas no Sul, seguidas por seca e queimadas no segundo semestre, agravaram a escassez de produtos agrícolas e impulsionaram os preços.

O estudo apontou que, apesar do aumento dos preços globais dos alimentos em dólares no segundo semestre de 2024, a elevação observada em reais foi muito mais expressiva, sugerindo que as causas da inflação no Brasil foram predominantemente internas.

Medidas recomendadas para conter a inflação dos alimentos

O CLP analisou diversas estratégias para minimizar os impactos da alta dos preços dos alimentos, especialmente para a população mais vulnerável. A principal recomendação do estudo é o reforço de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, considerado um dos mecanismos mais eficazes para amenizar os efeitos da inflação alimentar a curto prazo.

No entanto, o estudo destaca a importância de que tais medidas sejam adotadas com responsabilidade fiscal, para evitar desvalorização ainda maior do real, o que poderia agravar ainda mais os preços dos alimentos. O relatório alerta que déficits fiscais elevados reduzem a entrada de capitais estrangeiros e pressionam o câmbio, tornando o real ainda mais fraco diante do dólar e elevando o custo de importação de produtos.

Para mitigar esse efeito, o estudo sugere que um eventual aumento no Bolsa Família seja acompanhado de cortes em outras áreas, como a redução de supersalários no funcionalismo público.

Outras alternativas para conter a inflação dos alimentos

Além das transferências de renda, o estudo do CLP avaliou outras possíveis medidas para conter o aumento dos preços dos alimentos no Brasil:

Controle direto de preços: Estabelecer um teto para os preços dos alimentos pode trazer um alívio imediato ao consumidor, mas, segundo o CLP, essa política pode gerar escassez de produtos e incentivar mercados paralelos.

Subsídios tributários: Reduzir impostos sobre alimentos, como tarifas de importação e impostos sobre valor agregado (IVA), pode aliviar o custo dos produtos. Porém, essa política tem um custo fiscal elevado e pode acabar beneficiando também grupos que não estão em situação de vulnerabilidade.

Controle de estoques públicos: O gerenciamento estratégico de estoques de alimentos – comprando produtos em momentos de abundância e liberando-os quando há escassez – pode ajudar a reduzir a volatilidade dos preços. No entanto, uma má gestão pode resultar em desperdícios ou distribuição ineficiente.

Políticas comerciais: Reduzir tarifas de importação pode baratear alguns produtos, enquanto restrições à exportação podem garantir maior oferta interna. Porém, o CLP alerta que proibir exportações pode desestimular a produção agrícola no longo prazo, comprometendo o abastecimento futuro.

Transferências de renda: Considerada a alternativa mais eficiente, essa política protege os mais pobres sem interferir na formação dos preços. No entanto, o CLP reforça que essa medida deve ser implementada com equilíbrio fiscal para evitar impactos negativos na economia.

Conclusão

O estudo do CLP conclui que não existe uma única solução para conter a alta e a volatilidade dos preços dos alimentos. O ideal é combinar políticas que garantam proteção social, promovam reformas estruturais e assegurem um mercado mais competitivo e resiliente. Além disso, reforça a importância do equilíbrio fiscal para manter a estabilidade econômica e evitar novas desvalorizações da moeda, que podem intensificar ainda mais o aumento dos preços dos alimentos no Brasil.