Estudo que fundamentou uso de cloroquina contra Covid-19 é oficialmente invalidado
Após mais de quatro anos de polêmica, o estudo do infectologista francês Didier Raoult, que defendia a eficácia da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, foi retratado pela revista científica International Journal of Antimicrobial Agents. A decisão foi anunciada pela editora Elsevier após investigações que apontaram manipulação de resultados e falhas éticas.

O estudo que impulsionou a cloroquina e a hidroxicloroquina como possíveis tratamentos para a Covid-19 foi oficialmente invalidado. Publicado em março de 2020 na revista científica International Journal of Antimicrobial Agents, o artigo, liderado pelo infectologista francês Didier Raoult, foi retratado pela editora Elsevier, que apontou problemas éticos e metodológicos graves.
A hidroxicloroquina e a cloroquina, amplamente utilizadas contra a malária, ganharam destaque global no início da pandemia de Covid-19 como potenciais soluções contra a doença. Didier Raoult, então chefe do Instituto de Infectologia do Hospital Universitário de Marselha (IHU), foi um dos maiores defensores do uso desses medicamentos, combinados com a azitromicina, para combater a infecção.
Retratação oficial
A decisão de retratar o estudo veio após uma investigação detalhada realizada por um consultor independente especializado em ética editorial. Em nota divulgada na última terça-feira, 17, a Elsevier afirmou que a pesquisa apresentou graves problemas, incluindo:
- Falhas metodológicas: grupos de pacientes muito pequenos e ausência de grupo de controle.
- Inconformidades éticas: desrespeito às normas de pesquisa envolvendo humanos.
- Problemas na interpretação de resultados: manipulação e conclusões problemáticas.
Além disso, três dos autores do estudo levantaram preocupações sobre a metodologia utilizada e as conclusões apresentadas, o que reforçou a decisão da retratação.
Impacto e controvérsias
Didier Raoult se tornou uma figura polarizadora ao longo da pandemia, afirmando repetidamente a eficácia da hidroxicloroquina no combate à Covid-19, mesmo diante de críticas da comunidade científica. Desde 2021, Raoult está aposentado e foi proibido de exercer a medicina na França, mas continuou promovendo estudos sobre o tema, que frequentemente enfrentaram questionamentos sobre validade científica.
A retratação do estudo é um marco no desfecho dessa controvérsia, que influenciou políticas públicas e gerou debates globais. A decisão reflete o compromisso da ciência em revisar e corrigir informações, especialmente em temas de impacto global como a pandemia de Covid-19.
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