Israel aprova retomada parcial de ajuda humanitária em Gaza após dois meses de bloqueio total

O gabinete de Segurança de Israel aprovou um plano para retomar, de forma limitada, o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, bloqueada desde março. A decisão foi tomada após intensas discussões políticas e militares. Paralelamente, Israel também autorizou a ampliação da ofensiva militar no território palestino, enquanto organizações internacionais alertam para o colapso humanitário.

Israel aprova retomada parcial de ajuda humanitária em Gaza após dois meses de bloqueio total

O gabinete de Segurança de Israel aprovou, na noite deste domingo (4), um plano para retomar parcialmente o acesso de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, que está bloqueada desde 2 de março. A decisão foi divulgada por veículos da imprensa israelense nesta segunda-feira (5).

O diário Israel Hayom relatou que, além do plano de ajuda, foi aprovada uma intensificação gradual da ofensiva militar em Gaza. O governo também demonstrou esforços para retomar negociações por um cessar-fogo com o Hamas, embora sem sucesso até o momento.

Segundo o jornal Yediot Ahronot, a decisão sobre a ajuda humanitária gerou divergências dentro do gabinete. Alguns ministros, como Itamar Ben Gvir, se opuseram à medida, alegando que a entrada de suprimentos pode favorecer o Hamas. Ben Gvir chegou a sugerir que os "armazéns de comida do Hamas deveriam ser bombardeados", o que gerou tensão com o chefe do Estado-Maior do Exército, Eyal Zamir, que rebateu:

“Não podemos matar a Faixa de Gaza de fome. As suas declarações são perigosas.”

O bloqueio total à ajuda humanitária em Gaza é o mais rigoroso desde o início da guerra, em outubro de 2023. Organizações humanitárias alertam para uma grave crise humanitária, com falta de alimentos, água, medicamentos e abrigo. A ONU já havia denunciado que os suprimentos estavam sendo insuficientes, mesmo antes da intensificação do conflito.

A imprensa local também relata que o gabinete israelense autorizou a ocupação de mais território em Gaza, especialmente na cidade de Rafah, no sul do enclave, onde milhares de civis estão refugiados. A zona humanitária de Mawasi, antes considerada segura, deixou de ter essa classificação desde 18 de março, segundo fontes militares israelenses.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou em reunião que o país está deixando de realizar apenas incursões e passando para a ocupação territorial permanente em Gaza. Essa estratégia foi duramente criticada por Yair Golan, líder da oposição progressista, que acusou o governo de usar a guerra para fins políticos:

“A expansão militar não visa a segurança de Israel, mas sim salvar Netanyahu e seu governo extremista.”