EUA APROVAM MEDICAMENTO INJETÁVEL SEMESTRAL QUE PODE REVOLUCIONAR PREVENÇÃO AO HIV
O FDA aprovou um novo medicamento da Gilead, o Yeztugo (lenacapavir), que mostrou eficácia quase total na prevenção do HIV com apenas duas injeções por ano. Especialistas afirmam que esta pode ser a maior oportunidade em mais de 40 anos de combater a epidemia, mas alertam: se o alto custo não for reduzido, o acesso pode ser comprometido.

A Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) aprovou nesta quarta-feira (18) um novo medicamento altamente eficaz na prevenção do HIV: o Yeztugo, da farmacêutica Gilead Sciences. O imunizante, cujo princípio ativo é o lenacapavir, demonstrou, em ensaios clínicos, quase eliminar a transmissão do vírus entre os participantes que receberam apenas duas injeções por ano.
A Gilead afirma que o Yeztugo representa um divisor de águas na luta contra a aids. O medicamento resolve um dos maiores desafios da PrEP tradicional: a dificuldade de adesão ao uso diário de comprimidos por parte de pessoas com alto risco de infecção.
O medicamento foi testado em dois estudos paralelos:
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Entre homens gays, bissexuais e pessoas transgênero, reduziu em 89% a taxa de infecção por HIV comparado ao grupo que utilizava Truvada (comprimido oral de uso diário).
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No estudo com mulheres cisgênero na África Subsaariana, nenhuma das participantes que recebeu Yeztugo contraiu o HIV.
Trata-se da primeira injeção preventiva de ação semestral aprovada para uso clínico, pertencente a uma nova classe de antirretrovirais que impedem o vírus de se replicar nas células do sistema imunológico. O lenacapavir já era autorizado desde 2022, sob a marca Sunleca, para tratamento de HIV resistente.
O diretor executivo da organização HIV-AVAC, Mitchell Warren, declarou:
“Esta é a melhor oportunidade em 44 anos de prevenção do HIV.”
No entanto, especialistas alertam para o alto preço do novo medicamento: US$ 28.218 por pessoa por ano, segundo estimativas. O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) considera o valor inacessível, apontando que o medicamento poderia ser produzido por apenas US$ 40 por pessoa/ano, ou US$ 25 após o primeiro ano.
Em nota oficial, a diretora executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima, disse:
“Se este medicamento revolucionário continuar inacessível, não mudará nada. Exorto a Gilead a fazer a coisa certa: reduzir o preço, expandir a produção e garantir que o mundo tenha uma chance real de acabar com a aids.”
Além do custo, cortes de recursos e pessoal nos programas de prevenção ao HIV nos EUA durante o governo Trump também preocupam especialistas, que temem que a inovação não atinja todo o seu potencial.
O debate agora gira em torno de como garantir acesso global e equitativo a essa tecnologia que pode finalmente mudar o curso da epidemia de HIV no mundo.
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