A Vida sem Celular nas Escolas: Desafios e Transformações

Desde que as restrições ao uso de celulares foram implementadas em diversas escolas do Brasil, os alunos estão passando por um período de adaptação. Embora as primeiras semanas tenham sido descritas como um "pesadelo" para muitos jovens, com crises de abstinência e comportamentos extremos, a mudança parece ter gerado efeitos positivos ao longo do tempo.
No início, os estudantes apresentaram grande resistência. Em algumas instituições, como a Escola Alef Peretz (SP), os celulares são trancados em pochetes magnéticas durante todo o dia escolar, e muitos adolescentes se queixaram da ausência do aparelho, especialmente durante os intervalos. O aluno do 2º ano do ensino médio, Leo Gerchfeld, compartilha que a revolta foi generalizada entre os estudantes, que consideram a proibição muito severa. Tentativas de burlar o sistema também surgiram, com alunos tentando usar aparelhos falsos nas pochetes ou até danificando o sistema magnético.
No entanto, com o tempo, a maioria dos alunos conseguiu se adaptar. A proibição levou a mudanças significativas no comportamento dentro e fora da sala de aula. Alunos passaram a prestar mais atenção nas aulas, e as interações sociais entre os adolescentes voltaram a ser "cara a cara", sem a intermediação constante dos smartphones. Os menores, que antes dependiam de telas até para comer, reaprenderam a brincar e a se envolver em atividades lúdicas, como conta a coordenadora Patrícia Bignardi, da Escola Tarsila do Amaral (SP).
Além das experiências individuais, a mudança foi impactante também nas escolas públicas, como as do Rio de Janeiro, onde um decreto de 2024 endureceu as restrições ao uso de celulares, proibindo-os até nos intervalos. A medida gerou resistências iniciais, com alunos exibindo comportamentos agressivos, mas após um semestre, 62% das escolas aderiram plenamente à proibição, com resultados positivos sendo observados no comportamento e na concentração dos estudantes.
Bebês e Crianças Pequenas: O Desmame das Telas
A dependência de telas não afeta apenas adolescentes. Em escolas como a Tarsila do Amaral, muitos bebês só aceitam realizar atividades básicas, como comer, enquanto assistem vídeos. Para esses casos, a escola implementa um processo gradual de desmame, substituindo o tempo de tela por brincadeiras interativas, para que as crianças aprendam a socializar durante as refeições.
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